CAPÍTULO 29
Modificação do preconceito cognitivo: uma
nova fronteira na pesquisa cognitiva e emocional
Colin MacLeod e Patrick J. F. Clarke
Hoje é geralmente aceito que a
vulnerabilidade elevada a emoções negativas, como ansiedade e depressão, e a distúrbios
clínicos envolvendo patologia emocional, é caracterizada por vieses cognitivos
que favorecem o processamento de informações negativas. Por exemplo, está bem
estabelecido que para os indivíduos que apresentam tal vulnerabilidade ou
patologia, a atenção é seletivamente atraída para informações negativas, a
interpretação opera para impor seletivamente resoluções negativas sobre a
ambiguidade e eventos passados negativos podem ser relembrados com facilidade
desproporcional. Essas observações deram origem a teorias cognitivas de
disfunção emocional, segundo as quais esses vieses de baixo nível no
processamento seletivo de informações contribuem de forma causal direta para a
etiologia da patologia da disfunção (ex., Beck e Clark, 1997; Eysenck, Derakshan,
Santos, e Calvo, 2007; Williams, Watts, MacLeod e Mathews, 1997).
No entanto, apesar da influência generalizada
desses relatos, a descoberta de que os vieses cognitivos são característicos da
disfunção emocional não permite a conclusão de que esses padrões de
seletividade de processamento contribuem funcionalmente para essa disfunção.
Esta posição teórica poderia ser testada adequadamente apenas se fosse possível
modificar diretamente o viés cognitivo de interesse, a fim de testar a previsão
gerada por esta hipótese causal: que a vulnerabilidade emocional e os sintomas
de patologia emocional serão influenciados por esta modificação do viés
cognitivo. Tal achado não apenas confirmaria que o viés de processamento em
questão contribui causalmente para a disfunção emocional, mas aumentaria a
possibilidade estimulante de que a vulnerabilidade emocional possa ser reduzida
e os sintomas da patologia emocional atenuados terapeuticamente, por meio de
intervenções clínicas que modificam diretamente esso tipo de processamento
seletivo de informações.
A importância teórica e aplicada desses
resultados potenciais ajuda a explicar o interesse considerável em técnicas
recentemente desenvolvidas destinadas a modificar os vieses cognitivos de baixo
nível implicados em modelos de vulnerabilidade emocional e disfunção (confronte
com Bar-Haim, 2010; Hakamata et al., 2010; Hallion e Ruscio, 2012; Hertel e
Mathews, 2011; MacLeod, 2012; MacLeod e Mathews, 2012; Mathews, 2012). A
pesquisa de modificação de viés cognitivo (CBM) ainda é um campo jovem, como
evidenciado pela observação de que mais de 70% das publicações sobre CBM
apareceram apenas nos últimos 3 ou 4 anos (MacLeod e Mathews, 2012). A maior
parte do trabalho até agora buscou apenas modificar o viés de atenção ou interpretativo,
embora novas técnicas estejam surgindo que prometem estender a gama de vieses
de processamento que podem ser direcionados usando a abordagem CBM. O presente
capítulo fornece uma visão geral desse novo campo de desenvolvimento rápido da
pesquisa clínica. Começamos apresentando os princípios gerais que foram
empregados para transformar tarefas, anteriormente usadas para avaliar o viés
cognitivo, em procedimentos de treinamento destinados a modificar esse viés. Em
seguida, descrevemos os procedimentos de CBM que têm sido mais amplamente
usados para induzir mudança no viés interpretativo e atencional.
Posteriormente, revisamos o trabalho experimental que examinou o impacto da
modificação do viés interpretativo e atencional na experiência emocional normal,
nas manifestações subclínicas de disfunção emocional e nos sintomas de
patologia emocional. Na última metade do capítulo, revisamos algumas das novas
direções emergentes na pesquisa de CBM que provavelmente se provarão cada vez
mais influentes em trabalhos futuros, incluindo a extensão da abordagem de
modificação de viés para formas alternativas de seletividade de processamento e
outras condições clínicas, e o uso de CBM como uma ferramenta terapêutica em
ambientes clínicos do mundo real.
Técnicas
de CBM: transformando procedimentos de avaliação de tendência em procedimentos
de modificação de tendência
Como já observado, as teorias cognitivas da
vulnerabilidade emocional implicam vieses de processamento de informações de
baixo nível no desenvolvimento e manutenção da disfunção emocional. Como esses
vieses geralmente são inacessíveis por meio da introspecção, eles não se
prestam prontamente à avaliação por meio de autorrelato. Consequentemente, uma
variedade de metodologias cognitivo-experimentais foram desenvolvidas para
avaliar tais padrões de seletividade de processamento. Esses procedimentos de
avaliação, por sua vez, foram alterados para transformá-los em técnicas capazes
de modificar sistematicamente os padrões de processamento seletivo de
informações para os quais foram inicialmente projetados. Essa transformação foi
realizada pela introdução de contingências específicas nessas tarefas,
projetadas de forma que se tornassem mais fáceis de executar se o participante
adotar um padrão alvo de seletividade de processamento. Antecipa-se que a
prática repetida das tarefas configuradas desta forma promoverá uma mudança no
viés cognitivo para favorecer o tipo de seletividade incentivada pela
contingência de treinamento.
Duas características são comuns à maioria das
metodologias CBM (Koster, Fox, e MacLeod, 2009). Primeiro, o viés cognitivo
direcionado para a mudança representa um padrão de processamento seletivo de
informações que é conhecido por caracterizar a psicopatologia. Em segundo
lugar, esse viés cognitivo é alterado de uma maneira que não envolve instruir o
participante a mudar intencionalmente essa seletividade de processamento de
informações. Em vez disso, a mudança no viés cognitivo é induzida pela
introdução nas tarefas anteriormente usadas para avaliar essa seletividade de
processamento, uma contingência projetada, de modo que o desempenho da tarefa
bem-sucedido seja aprimorado pela adoção de um novo padrão de seletividade. Nas
seções a seguir, ilustramos como esses princípios foram implementados,
concentrando-nos, primeiro, nos procedimentos de modificação do viés
interpretativo e, depois, nos procedimentos desenvolvidos para modificar o viés
atencional.
Viés
interpretativo emocionalmente vinculado e sua modificação
O viés interpretativo refere-se à tendência
de impor seletivamente resoluções negativas sobre informações ambíguas. Esse
viés de processamento de informações tem associação bem estabelecida com
psicopatologia clínica, sendo evidente em pacientes com diagnóstico de transtornos
depressivos e de ansiedade, e também em indivíduos com níveis subclínicos de
ansiedade e depressão (Mathews, 2012). Uma série de tarefas diferentes foi
usada para avaliar o viés interpretativo. Comumente, foi examinado como a
apresentação de informações primárias ambíguas iniciais impacta o processamento
de alvos subsequentes que estão relacionados a significados alternativos,
negativos ou não, dessa ambiguidade anterior. Um viés interpretativo é revelado
por uma vantagem de processamento para estímulos alvo associados a uma valência
particular do priming ambíguo. Em uma variante desta abordagem, os
participantes realizam decisões lexicais sobre palavras-alvo após a
apresentação de primings homográficos que permitem uma interpretação
negativa e não negativa (ex., braços). Essas palavras-alvo podem ser associadas
ao significado negativo (ex., armas) ou ao significado não negativo (ex., mãos)
do homógrafo inicial (Richards e French, 1992). Em vez disso, outras tarefas de
avaliação de viés interpretativo empregam descrições de cenários ambíguos como
os primings iniciais e, em seguida, medem a velocidade para processar os
estímulos-alvo relacionados aos significados negativos ou não negativos desses
cenários (Hirsch e Mathews, 1997).
Transformar esta abordagem de avaliação de
viés interpretativo para produzir procedimentos de modificação de viés
interpretativo envolveu a introdução de uma contingência entre o material
primário ambíguo e o alvo subsequente, de modo que o desempenho bem-sucedido da
tarefa se beneficiará da imposição de resoluções sobre as informações ambíguas
que favorecem uma única valência. Assim, enquanto a tarefa de avaliação de viés
interpretativo envolve a apresentação de alvos que estão associados com igual
frequência com os significados negativos e não negativos do priming
ambíguo inicial, a tarefa de treinamento de viés interpretativo envolve a
apresentação consistente de alvos associados com aqueles significados de
material ambíguo que compartilha uma valência emocional particular. O desempenho
ideal em tal tarefa é alcançado pela adoção de um estilo de interpretação que
favoreça a resolução dos primings ambíguos de uma maneira que produza
significados dessa mesma valência emocional.
As duas tarefas de modificação de viés
cognitivo mais comuns usadas para modificar a interpretação (CBM-I) diferem
principalmente em termos de se a informação primária ambígua inicial compreende
palavras ou sentenças. Gray e Mathews (2000) desenvolveram uma variante CBM-I
empregando primings homógrafos. Essa abordagem apresenta um homógrafo
inicial, que permite uma interpretação negativa ou benigna, seguido, 750
milissegundos (ms) depois, por um fragmento de palavra que pode ser completada
apenas para produzir uma associação de um desses dois significados. Os participantes
são instruídos a resolver os fragmentos da palavra usando a palavra inicial
como pista. Em uma condição, projetada para encorajar resoluções negativas de
informações ambíguas (interpretar a condição negativa), os fragmentos de
palavras-alvo podem ser completados apenas para produzir palavras associadas
aos significados negativos dos homógrafos anteriores. Em outra condição,
projetada para encorajar a interpretação benigna da ambiguidade, os fragmentos
podem produzir apenas palavras associadas a significados não negativos dos primings
ambíguos (condição benigna de interpretação). Por exemplo: O homógrafo “choke”
inicial é apresentado. Na condição “interpretação do CBM-I negativo”, este
homógrafo seria seguido pelo fragmento-alvo t-ro-t (garganta), enquanto
na condição CBM-I – benigna - seria interpretada seguido pelo fragmento-alvo eng-n-
(motor). Os participantes geralmente concluem entre 120 e 240 dessas tentativas
de treinamento em uma sessão de CBM-I. O impacto do procedimento CBM-I no viés
interpretativo pode então ser determinado usando uma tarefa de avaliação do
viés interpretativo. Esta tarefa pode ser semelhante à tarefa CBM-I, mas com a
contingência de treinamento removida para restaurá-la para um procedimento de
avaliação de viés. Alternativamente, variantes de tarefa bastante diferentes
podem ser empregadas para medir a seletividade interpretativa após a exposição
ao procedimento CBM-I. Em uma série de estudos, Gray e Mathews observaram
consistentemente que grupos de participantes expostos a uma única sessão desta
tarefa CBM-I em cada uma dessas duas condições de treinamento chegaram a
diferir nos padrões de seletividade interpretativa que exibiram na
interpretação subsequente da tarefa de avaliação de viés. Especificamente, conforme
pretendido, os participantes que receberam a condição interpretativa CBM-I
benigna passaram a exibir uma tendência significativamente menor de impor
interpretações negativas a estímulos ambíguos do que os participantes que
receberam a condição CBM-I negativa interpretada.
Mathews e Mackintosh (2000) estenderam esta
abordagem CBM-I, empregando como primings cenários ambíguos em que cada
um poderia ser interpretado de maneira negativa ou benigna. Em cada tentativa
desta tarefa, os participantes leem uma descrição textual de um cenário tão
ambíguo, que termina com um fragmento de palavra incompleto. Eles são então
solicitados a resolver rapidamente esse fragmento de palavra para fornecer um
final significativo para o cenário. Na condição de interpretação do CBM-I
negativa, os fragmentos produzem palavras que fornecem tal final significativo
apenas se o cenário ambíguo tiver sido interpretado negativamente. Na condição
de interpretação CBM-I benigna, os fragmentos produzem palavras que fornecem
complementos significativos para cenários apenas se eles tiverem sido
interpretados de uma maneira não negativa. Em cinco estudos, Mathews e
Mackintosh (2000) confirmaram que os participantes exibiram consistentemente o
padrão de interpretação seletiva que essas contingências experimentais deveriam
encorajar. Este trabalho seminal formou a base sobre a qual a pesquisa CBM-I
subsequente foi construída.
Viés
de atenção emocionalmente ligado e sua modificação
O desenvolvimento de técnicas de modificação
do viés cognitivo que visam o viés de atenção (CBM-A) seguiu uma trajetória
semelhante. O viés de atenção em relação a informações negativas é fortemente
característico de pacientes clinicamente ansiosos e de indivíduos não clínicos
com níveis elevados de ansiedade-traço (confronte com Bar-Haim, Lamy, Pergamin,
Bakermans-Kranenburg e van Jzendoorn, 2007). Esse viés de atenção também foi
observado em pacientes clinicamente deprimidos e em indivíduos não clínicos que
exibem níveis elevados de depressão-traço (Baert, De Raedt, Schacht, e Koster,
2010). As tarefas empregadas para medir esse viés de atenção comumente envolvem
a apresentação simultânea de informações que diferem em valência emocional e
buscam avaliar a distribuição da atenção entre essas alternativas concorrentes.
Essas tarefas de avaliação do viés de atenção incluem paradigmas de
interferência, como o Stroop emocional (ex., Rutherford, MacLeod, e
Campbell, 2004). O viés de atenção seletivo é revelado em paradigmas de
interferência, apresentando estímulos negativos e não negativos como
distratores irrelevantes para a tarefa e avaliando o grau em que cada valência
de distrator prejudica o desempenho na tarefa primária. Esse viés também pode
ser avaliado usando procedimentos de escuta dicótica para examinar a distribuição
de atenção entre os dois ouvidos, quando um ouvido é recebe informações
negativas e o outro, com informações não negativas (ex., Wenzel, 2006). Ainda
outro método de avaliação do viés de atenção envolve a busca de participantes
por informações do alvo dentro de matrizes de estímulos, com a latência
relativa para detectar alvos de valência emocional diferente sendo tomada como
uma indicação do grau em que esses alvos recrutam atenção seletivamente (ex.,
Rinck, Becker, Kellermann, e Roth, 2003).
Talvez o método mais frequentemente usado
para avaliar a atenção tendenciosa tenha sido a tarefa de sondagem visual
(MacLeod, Mathews e Tata, 1986). Esta tarefa envolve a breve apresentação
simultânea de estímulos negativos e não negativos em diferentes áreas de uma
exibição visual, antes que uma pequena sonda visual apareça no local desocupado
por um dos dois estímulos. A velocidade relativa para discriminar a identidade
de sondas que aparecem na localização de estímulos negativos versus não
negativos fornece uma indicação do grau em que a atenção é seletivamente
atraída para informações negativas. Usando esta tarefa, foi demonstrado
repetidamente que os indivíduos com elevada vulnerabilidade emocional e aqueles
que sofrem de patologia emocional exibem velocidade desproporcional para
discriminar sondas que aparecem no mesmo local, em comparação com o local
oposto, como estímulos negativos, indicando um viés de atenção que favorece
informações negativas (confronte com Bar-Haim et al., 2007).
O desenvolvimento de metodologias CBM-A
envolveu a introdução de contingências nessas tarefas, de modo que o desempenho
será aprimorado pelo direcionamento consistente da atenção para ou para longe
de estímulos negativos. De longe, a abordagem CBM-A mais usada tem sido uma variante
de treinamento da tarefa de sondagem de atenção. Na versão de avaliação desta
tarefa, as sondas são apresentadas no mesmo local e no lado oposto aos
estímulos negativos com igual frequência. No entanto, a variante CBM-A introduz
uma contingência entre a posição do estímulo e a posição da sonda, de modo que
as sondas sempre aparecem apenas na localização de estímulos neutros na
condição projetada para encorajar a evitação atencional de estímulos negativos
(evitar a condição negativa), ou então aparecem apenas no locus de
estímulos negativos na condição projetada para encorajar a preferência
atencional por estímulos negativos (atender a condição negativa). Em dois
estudos separados MacLeod, Rutherford, Campbell, Ebsworthy e Holker (2002)
expuseram os participantes a 576 tentativas de treinamento de sondagem de
atenção ministradas em qualquer uma dessas duas condições de treinamento,
usando estímulos de palavras. A avaliação do viés de atenção subsequente,
usando o formato original da tarefa de sondagem de atenção, revelou que esses
participantes passaram a exibir um padrão de seletividade de atenção induzida
de acordo com a contingência de treinamento atribuída. Aqueles expostos à
condição CBM-A negativa frequente tornaram-se mais rápidos em discriminar sondagens
que aparecem na localização de palavras negativas em vez de palavras neutras,
indicando um viés de atenção em direção a informações negativas. Aqueles
expostos à condição de evitar CBM-A negativo, em vez disso, tornaram-se mais
rápidos em discriminar sondas que aparecem na localização das palavras neutras
em vez das palavras negativas, indicando um viés de atenção longe de
informações negativas. A pesquisa subsequente também demonstrou que as versões
desta tarefa CBM-A da sonda, usando estímulos pictóricos negativos e não
negativos, podem servir para modificar o viés de atenção (ex., Eldar, Ricon, e
Bar-Haim, 2008).
Muitos estudos de treinamento de atenção
empregando essa abordagem de sonda CBM-A verificaram sua capacidade de
modificar o viés de atenção (confronte com Hakamata et al., 2010). Pesquisas
recentes também demonstraram modificação bem-sucedida de atenção usando uma
metodologia de pesquisa visual CBM-A. Dandeneau e Baldwin (2004) desenvolveram
tal tarefa, projetada para encorajar a evitação atencional de estímulos
negativos e a preferência atencional para estímulos positivos. Esta tarefa
requer que os participantes identifiquem um único rosto sorridente entre as
matrizes de rostos zangados. Quando comparada a uma condição de controle
envolvendo apenas estímulos não emocionais, esta tarefa se mostrou eficaz em
encorajar a evitação atencional de informações negativas, conforme
posteriormente avaliado usando a tarefa Stroop emocional (Dandeneau e
Baldwin, 2004; Dandeneau, Baldwin, Baccus, Sakellaro- poulo, e Pruessner, 2007)
ou a tarefa de sonda atencional (Dandeneau e Baldwin, 2009).
Usando esses tipos de metodologias CBM-I e
CBM-A, os pesquisadores não apenas foram capazes de induzir mudanças
sistemáticas nos padrões de seletividade interpretativa e atencional, mas
passaram a avaliar o impacto dessa mudança de viés nas medidas de emoção. Nas
seções a seguir, descrevemos como esses estudos de CBM deram suporte à hipótese
de que esses tipos de processamento seletivo de informações contribuem de forma
causal para a vulnerabilidade e disfunção emocional.
O
impacto da modificação do viés cognitivo na experiência emocional normal e
anormal
Muitos estudos CBM procuraram determinar se o
viés interpretativo ou atencional contribui para a variação normal na
vulnerabilidade emocional, usando participantes não selecionados com relação à
disfunção emocional. Outros estudos de CBM, quer buscando abordar a hipótese
teórica de que tais tipos de viés de processamento também contribuem para a
patologia emocional, e/ou motivados pela possibilidade de que CBM possa
contribuir terapeuticamente para o tratamento de tais condições, em vez disso,
foram realizados em participantes exibindo manifestações subclínicas ou
clínicas de disfunção emocional. Nas subseções a seguir, revisamos
separadamente a pesquisa de CBM conduzida nessas diferentes populações, em cada
caso cobrindo primeiro os estudos que investigaram o impacto da modificação do
viés interpretativo, antes de passarmos a considerar aqueles que examinaram o
impacto da modificação do viés de atenção.
Impacto de CBM-I na experiência emocional normal
Usando a tarefa CBM-I de conclusão de
fragmento com uma amostra de alunos participantes não selecionados, Mathews e
Mackintosh (2000) demonstraram que aqueles que completaram a condição benigna
relatou ansiedade-estado significativamente menor do que aqueles que, em vez
disso, completaram a condição de interpretação da condição negativa da doença.
Embora esse achado sugira que a modificação do viés interpretativo pode impactar
no estado emocional, não garante a conclusão de que o viés interpretativo
contribui causalmente para a vulnerabilidade emocional. O suporte para essa
premissa foi fortalecido, no entanto, pela demonstração de que os participantes
expostos a uma única sessão dessas diferentes condições de CBM-I relatam
subsequentemente diferentes níveis de ansiedade-traço, de acordo com a
contingência de treinamento, em uma medida de questionário dessa disposição
emocional (Salemink, van den Hout, e Kindt, 2007, 2009).
Embora a descoberta de que CBM-I pode induzir
mudança nas medidas do questionário de ansiedade-traço seja consistente com a
hipótese de que o viés interpretativo faz uma contribuição causal para a
vulnerabilidade à ansiedade, uma possibilidade alternativa é que as
contingências de treinamento CBM-I podem simplesmente afetar os julgamentos
feitos ao responder em tais medidas de questionário. Especificamente, a
modificação da interpretação seletiva pode influenciar as percepções dos
indivíduos sobre a frequência com que a ansiedade foi experimentada no passado,
em vez de produzir uma mudança genuína na suscetibilidade atual ao humor
ansioso. A evidência mais convincente de que o viés interpretativo contribui
causalmente para a vulnerabilidade emocional vem de estudos que avaliaram o
impacto do CBM-I nas reações emocionais a uma tarefa estressora administrada
subsequentemente. Por exemplo, Wilson, MacLeod, Mathews e Rutherford (2006)
entregaram 160 ensaios da tarefa CBM-I de Gray e Mathews (2000) para participantes
com ansiedade-traço de médio porte. Após a exposição a interpretar condições de
treinamento benignas ou negativas, esses participantes assistiram a quatro
breves videoclipes que retratam situações de emergência em que a vítima é
ferida, mas no final é resgatada. Consistente com a hipótese de que o viés
interpretativo sustenta causalmente a vulnerabilidade emocional, os
participantes expostos às condições de interpretação benigna e CBM-I negativas
passaram a exibir respostas emocionais diferencialmente intensas ao estressor
subsequente. Wilson et al. descobriram que imediatamente após a conclusão das
condições alternativas de CBM-I, mas antes da exposição ao estressor de vídeo,
os participantes que receberam as condições alternativas de CBM-I não diferiam
no estado de humor. No entanto, após o estressor do vídeo, aqueles que passaram
pelo CBM-I negativo interpretado mostraram elevações significativas nas medidas
de ansiedade e depressão-estado, enquanto aqueles que se submeteram ao CBM-I
benigno interpretado não evidenciaram elevações significativas de ansiedade ou
depressão em resposta a este estressor. O viés interpretativo, portanto, parece
contribuir causalmente para a vulnerabilidade emocional, conforme revelado pela
reatividade emocional a eventos estressantes atuais.
Vários pesquisadores usaram o CBM-I para
modificar os padrões de seletividade interpretativa em amostras não
selecionadas de crianças. Muris, Huijding, Mayer e Hameetman (2008)
desenvolveram uma variante CBM-I empregando cenários ambíguos projetados para
envolver o interesse das crianças. Esses pesquisadores fizeram com que crianças
de 8 a 13 anos completassem uma única sessão para interpretação do CBM-I
benigno negativo antes de avaliar o quão ameaçador eles encontraram novos
cenários de natureza potencialmente estressante. Descobriu-se que as crianças
que receberam o CBM-I benigno interpretado classificaram essas novas situações
como significativamente menos ameaçadoras do que aquelas que receberam o CBM-I
negativo interpretado. Em pesquisas subsequentes usando uma versão modificada
do procedimento CBM-I de Mathews e Mackintosh (2000) com um grupo de 13 a 17
anos de idade, Lothmann, Holmes, Chan e Lau (2011) obtiveram evidências
adicionais de que a modificação do viés interpretativo exerce um impacto
emocional sobre os jovens participantes. Os participantes expostos a uma única
sessão de interpretação do CBM-I benigno, em comparação com aqueles dados a uma
sessão de interpretação do CBM-I negativo, não apenas evidenciaram
interpretações mais positivas de novos cenários, mas também exibiram uma
redução no afeto negativo.
Impacto do CBM-A na experiência emocional normal
MacLeod et al. (2002) atribuíram a tarefa
CBM-A da sonda a participantes com ansiedade-traço de médio porte em um estudo
desenvolvido para determinar se o viés de atenção contribui causalmente para a
vulnerabilidade emocional. Eles observaram que as versões de atender e evitar
ameaças desse procedimento CBM-A induziam respostas de atenção diferenciadas a
estímulos negativos, conforme pretendido. Além disso, embora o estado de humor
avaliado imediatamente após o procedimento CBM-A não diferisse entre os
participantes, dadas essas duas condições, o grau em que uma tarefa de estresse
de anagrama subsequente serviu para elevar a ansiedade e depressão foi atenuado
para participantes que completaram o CBM-A negativo evitado, em comparação com
aqueles que haviam concluído o CBM-A negativo frequente. Esses achados sugerem
que a resposta seletiva de atenção a informações negativas influencia
causalmente a reatividade emocional a eventos estressantes.
Variantes do paradigma da sondagem de atenção
usando estímulos pictóricos em vez de verbais produziram resultados semelhantes
em crianças. Eldar et al. também fizeram avaliadores independentes cegos à
condição experimental para avaliar os sinais comportamentais de ansiedade das
crianças durante a tarefa de estresse de conclusão de quebra-cabeça. Esses
avaliadores relataram que os participantes que receberam o CBM-A negativo para
evitar exibiram níveis mais baixos de comportamento relacionado à ansiedade do
que os participantes que receberam o CBM-A negativo. Esses dados
comportamentais fornecem verificação de que a manipulação CBM-A genuinamente
influenciou a reatividade à ansiedade, ao invés de afetar apenas o autorrelato.
As descobertas de Eldar et al., portanto, demonstram que o viés de atenção
contribui funcionalmente para a vulnerabilidade emocional em crianças e
adultos.
Embora a maioria das pesquisas CBM-A tenha
sido conduzida usando variantes do paradigma da sondagem de atenção, a indução
de viés de atenção diferencial, usando a variante de busca visual de CBM-A
descrita anteriormente, também foi encontrada para influenciar a
vulnerabilidade emocional. Por exemplo, Dandeneau e Baldwin (2009) fizeram com
que participantes não selecionados de um centro de educação de adultos
completassem 112 tentativas desta tarefa CBM-A, seja na condição negativa de
evitar ou em uma condição de controle sem contingência de treinamento. A
exposição ao CBM-A negativo evitado, em comparação com a condição de controle,
induziu a evitação atentiva de imagens negativas e também serviu para reduzir
os sentimentos de rejeição subsequentemente experimentados em resposta a uma
interação social simulada. Essa observação - que a condição CBM-A de busca
visual que reduziu a atenção seletiva a informações negativas também melhorou a
resposta disfórica a um estressor - novamente apoia a hipótese de que o viés de
atenção contribui causalmente para a vulnerabilidade emocional.
Alguns estudos que examinaram a capacidade do
CBM-A de atenuar a experiência emocional disfórica em participantes não
selecionados com relação à vulnerabilidade emocional investigaram se essa
modificação do viés de atenção pode atenuar a resposta emocional a eventos
estressantes da vida. Por exemplo, Dandeneau et al. (2007) examinaram a
influência da tarefa de busca visual CBM-A na resposta emocional ao ambiente de
alto estresse dos trabalhadores de telemarketing. Eles entregaram este CBM-A na
condição de evitar negativo ou em uma condição de controle sem treinamento, a
cada dia por uma semana, para operadores de telemarketing. Apenas aqueles que
receberam o CBM-A negativo para evitar subsequentemente relataram reduções
significativas no estresse percebido e aumentos significativos na autoestima. A
avaliação independente da reatividade ao estresse foi fornecida por medidas de
cortisol e por avaliações do supervisor. Novamente, apenas aqueles na condição
de evitar CBM-A negativo mostraram redução na liberação de cortisol e foram
avaliados pelos supervisores como se tornando mais autoconfiantes com os
clientes. Esses participantes também apresentaram um aumento significativo em
suas vendas de telemarketing.
MacLeod e Bridle (2009) também examinaram o
impacto do CBM-A na reatividade emocional a um estressor natural em
participantes não selecionados em relação à sua vulnerabilidade emocional.
Estudantes que emigram de seus países de origem para iniciar estudos superiores
no exterior muitas vezes experimentam ansiedade elevada (Babiker, Cox, e
Miller, 1980), e See et al. examinaram se evitar CBM-A negativo poderia atenuar
o impacto emocional de tal estressor nos participantes prestes a experimentar
este evento. Nas duas semanas anteriores à saída de seu país de origem, os
participantes concluíram o procedimento da sonda CBM-A online, seja na
condição de evitar negativo ou em uma condição de controle sem treinamento,
diariamente. A avaliação do viés de atenção um dia antes da partida confirmou
que aqueles que foram expostos para evitar CBM-A negativo, mas não aqueles na
condição de controle, passaram a mostrar evitação de atenção de estímulos
negativos. Quando avaliados após a transição subsequente para o novo país,
tanto a ansiedade-estado quanto a ansiedade-traço foram significativamente
atenuadas nos participantes que completaram o procedimento CBM-A negativo para
evitar. Além disso, esse efeito de evitar CBM-A negativo na ansiedade-estado e
traço foi mediado por seu efeito no viés de atenção.
Esses estudos CBM, conduzidos em amostras não
selecionadas, forneceram evidências convincentes de que vieses de atenção e
interpretativos podem contribuir causalmente para variações na vulnerabilidade
emocional. No entanto, isso não significa que esses vieses cognitivos contribuam
necessariamente para os níveis elevados de vulnerabilidade emocional associados
à disfunção emocional subclínica ou à patologia emocional. Para determinar se
esse é o caso, torna-se necessário examinar se o CBM, projetado para modificar
essa seletividade de processamento, pode atenuar essa vulnerabilidade emocional
nessas populações. Nas subseções a seguir, revisamos os estudos que adotaram
essa abordagem avaliando o impacto de CBM-I e CBM-A na sintomatologia emocional
observada em participantes selecionados com base na exibição de níveis
subclínicos de disfunção emocional.
Impacto
de CBM-I na disfunção emocional subclínica
Usando uma versão auditiva da tarefa CBM-I de
Mathews e Mackintosh (2000), Murphy, Hirsch, Mathews, Smith e Clark (2007)
produziram uma interpretação do CBM-I benigno ou uma condição de controle para
participantes selecionados por causa de seus níveis atipicamente altos de
ansiedade social. Os participantes que receberam o CBM-I de interpretar benigno
exibiram uma tendência reduzida de impor interpretações negativas sobre a
ambiguidade, gerando interpretações significativamente mais benignas de novas
situações sociais ambíguas do que aqueles que haviam recebido a condição de
controle sem treinamento. Os participantes expostos à interpretação do CBM-I
benigno também previram subsequentemente que sentiriam menos ansiedade em
resposta a uma situação social futura do que aqueles que receberam a condição
de controle, sugerindo que o viés interpretativo negativo contribui causalmente
para o tipo de ansiedade antecipatória comumente experimentada por indivíduos
socialmente ansiosos.
Steinman e Teachman (2010) também
selecionaram participantes com base na vulnerabilidade elevada à ansiedade,
recrutando especificamente aqueles que relataram pontuações anormalmente altas
no Anxiety Sensitivity Index [1]
(ASI; Reiss, Peterson, Gursky, e McNally, 1986). Esses participantes
completaram uma variante da tarefa CBM-I de Mathews e Mackintosh (2000). Em
comparação com participantes que foram expostos a uma versão de controle sem
treinamento da tarefa, aqueles expostos a interpretação de CBM-I benigno
fizeram interpretações mais positivas de ambiguidade e também evidenciaram uma
redução nos escores de ASI. Esses indivíduos também mostraram uma atenuação
marginalmente significativa dos sintomas de medo em resposta a uma tarefa de
exposição interoceptiva subsequente.
Evidência adicional de que o viés
interpretativo contribui causalmente para a experiência emocional disfuncional
vem da pesquisa CBM-I com indivíduos altamente propensos a se preocupar.
Hirsch, Hayes e Mathews (2009) recrutaram participantes que apresentaram
pontuações elevadas no Penn State Worry Question- naire (PSWQ; Meyer,
Miller, Metzger, e Borkovec, 1990) e fizeram com que completassem uma única
sessão de CBM-I no interpretar condição benigna ou em uma versão de controle
sem treinamento da tarefa. O primeiro grupo de participantes relatou menos
intrusões de pensamentos negativos e níveis reduzidos de ansiedade durante a
conclusão de uma tarefa de foco respiratório subsequente do que aqueles na condição
de controle. Dado que a preocupação e o pensamento intrusivo são
características-chave do transtorno de ansiedade generalizada (SAD), a
descoberta de que CBM-I pode atenuar tais sintomas disfuncionais sugere não
apenas que o viés interpretativo pode contribuir funcionalmente para a
sintomatologia do SAD, mas também que interpretaram CBM-I benigno pode ser de
valor terapêutico para pacientes com GAD.
A pesquisa utilizando a administração de uma
única sessão de CBM-I confirmou que a interpretação seletiva contribui para a
variação nas reações emocionais a estressores planejados em laboratório. A fim
de determinar se o viés interpretativo contribui para a vulnerabilidade
emocional elevada em configurações do mundo real, torna-se necessário induzir
uma mudança mais duradoura no viés interpretativo, oferecendo várias sessões de
CBM-I em períodos de tempo mais extensos. Vários estudos já adotaram essa
abordagem, usando participantes selecionados com base na vulnerabilidade
emocional elevada. Mathews, Ridgeway, Cook e Yiend (2007) entregaram quatro
sessões de interpretação de CBM-I benigno ao longo de um período de duas
semanas para indivíduos selecionados com base em seus escores de ansiedade de
alto traço. Em comparação com os participantes em uma condição de controle de
teste-reteste, aqueles que completaram as sessões de interpretação de CBM-I
benigna subsequentemente demonstraram menos interpretações negativas de novos
cenários ambíguos. De forma crítica, as medidas tomadas uma semana inteira após
este programa CBM-I revelaram que esses indivíduos também agora exibiam escores
de ansiedade-traço mais baixos do que os participantes que receberam a condição
de controle.
Salemink et al. (2009) corroboraram esses
achados usando um projeto de pesquisa semelhante. Esses pesquisadores deram a
indivíduos ansiosos de alto-traço oito sessões diárias de interpretação de
CBM-I benigno, ou uma condição de controle sem treinamento, oferecidas pela
Internet. Após a conclusão do programa, aqueles que receberam a interpretação de
CBM-I benigno, em comparação com aqueles na condição de controle, demonstraram
interpretações mais benignas de cenários ambíguos e relataram níveis mais
baixos de ansiedade-estado e traço. Eles também evidenciaram psicopatologia
menos geral de acordo com os escores da Lista de Verificação de Sintomas-90
(SCL-90; Arrindell e Ettema, 1986). Juntos, esses
estudos sugerem que o viés interpretativo negativo contribui causalmente para a
elevada vulnerabilidade à ansiedade dentro do cenário do mundo real e destacam
o valor terapêutico potencial das técnicas CBM-I na atenuação dessa elevada
vulnerabilidade à ansiedade.
Além de influenciar a vulnerabilidade geral à
ansiedade, o CBM-I também se mostrou capaz de reduzir os sintomas de ansiedade
social elevada. Beard e Amir (2008) produziram oito sessões de interpretação de
CBM-I benigno ou uma condição de controle sem treinamento ao longo de um
período de quatro semanas para indivíduos selecionados com base na pontuação
acima do 75º percentil na Escala de Fobia Social[2]
(SPS; Turner, Beidel, Dancu e Stanley, 1989). A avaliação realizada no final
deste período confirmou que a interpretação do CBM-I benigno foi bem-sucedida
na redução do viés interpretativo negativo, e as pontuações na SPS revelaram
que esses indivíduos também mostraram sintomas de ansiedade social reduzidos em
comparação com os participantes que receberam a condição de controle. De
particular interesse, a magnitude da redução no viés interpretativo negativo
induzido pelo procedimento CBM-I foi diretamente responsável pelo grau de
melhora nos sintomas de ansiedade social.
Desde então, esse achado foi replicado em
crianças que exibem sintomas de ansiedade social intensificados. Vassilopoulos,
Banerjee e Prantzalou (2009) recrutaram crianças de 10 e 11 anos com pontuação
entre os 25% superiores da Escala de Ansiedade Social para Crianças - Revisada[3]
(SASC-R; la Greca e Stone, 1993). Esses participantes completaram três sessões
de CBM-I ao longo de sete dias, com medidas pós-treinamento reunidas de três a
quatro dias após a sessão final de CBM-I. Consistente com as expectativas, os
participantes que completaram o procedimento de interpretação do CBM-I benigno
evidenciaram uma redução significativa nas interpretações negativas de
ambiguidade, enquanto aqueles em uma condição de controle não revelaram nenhuma
mudança. Os sintomas de ansiedade social também diminuíram no primeiro grupo,
conforme medido pelo SASC-R. Consistente com os achados de Beard e Amir (2008),
a magnitude da redução induzida por CBM-I na tendência de impor interpretações
negativas previu significativamente a redução nas pontuações SASC-R. Os
resultados desses estudos CBM-I sugerem fortemente que o viés interpretativo
faz uma contribuição causal aos níveis subclínicos de disfunção emocional e indicam
que CBM-I pode render benefícios para indivíduos não clínicos que experimentam
níveis elevados de vulnerabilidade emocional.
Impacto do CBM-A na disfunção emocional
subclínica
Muitos pesquisadores procuraram determinar se
CBM-A também pode servir para reduzir a sintomatologia emocional em indivíduos
que apresentam vulnerabilidade emocional elevada. Amir, Weber, Beard, Bomyea e
Taylor (2008) examinaram os efeitos do CBM-A nas respostas de ansiedade a um
desafio de falar em público em participantes recrutados por causa de seus altos
níveis de ansiedade social. Usando uma versão pictórica da tarefa de sondagem
atencional, Amir et al. conseguiram reduzir a atenção às informações negativas
usando um CBM-A negativo para evitação. Os participantes que receberam essa
condição CBM-A também relataram níveis significativamente mais baixos de
ansiedade em resposta a um desafio de falar em público subsequente do que os
relatados pelos participantes que completaram uma condição de controle que não
continha nenhuma contingência de treinamento atencional. O impacto do CBM-A
negativo evitado foi corroborado por avaliadores independentes, cegos para a
condição experimental, que avaliaram a qualidade das falas dos participantes.
As falas apresentadas por indivíduos expostos ao CBM-A negativo evitado foram
julgadas de qualidade superior às proferidas pelos participantes na condição de
controle. Além disso, o grau de redução da ansiedade e o impacto de evitação do
CBM-A negativo no desempenho da fala foram estatisticamente mediados pelo grau
em que evitam CBM-A negativo serviu para reduzir a atenção seletiva a estímulos
de ameaça social. Li, Tan, Qian e Liu (2008) entregaram uma sonda CBM-A mais
estendida a alunos de graduação recrutados com base em sintomas de ansiedade
social elevados. Esses participantes receberam CBM-A negativo ou uma condição
de controle sem qualquer contingência de treinamento, ao longo de sete dias
consecutivos. Apenas os expostos à primeira condição evidenciaram redução da
atenção seletiva às informações negativas ao final desse período, sendo que
esses participantes também apresentaram redução significativa nos escores da
Escala de Ansiedade da Interação Social[4].
CBM-A também mostrou reduzir a incidência de
intrusões de pensamentos negativos em indivíduos predispostos a experimentar
altos níveis de preocupação. Hayes, Hirsch e Mathews (2010) entregaram uma
única sessão de 480 testes de sonda CBM-A, além de uma nova variante de escuta
dicótica de CBM-A, para participantes selecionados com base em seus sintomas de
preocupação elevada. A condição de evitar CBM-A negativo induziu com sucesso a
evitação atencional de informações negativas, em comparação com uma condição de
controle que não continha nenhuma contingência de treinamento atencional. A
conclusão desta condição de evitação de CBM-A negativo também resultou em menos
intrusões de pensamentos negativos durante uma tarefa de foco respiratório
subsequente, em comparação com a condição de controle. Hazen, Vasey e Schmidt
(2009) também examinaram a influência do CBM-A em uma amostra de graduandos
identificados como extremamente preocupados de acordo com o PSWQ (Meyer et al.,
1990). Cinco sessões, cada uma compreendendo 216 tentativas do procedimento da
sonda CBM-A, foram ministradas aos participantes por uma média de 34 dias.
Quando entregue na condição de evitar negativo, esta série de sessões de
treinamento foi observada para induzir com sucesso a evitação atencional de
estímulos negativos, um efeito que permaneceu evidente sete dias após a sessão
final de treinamento atencional ter sido completada. Hazen et al. também
descobriram que os participantes expostos a esse CBM-A negativo evitado também
exibiram uma diminuição significativa em um índice composto de escores de
ansiedade, preocupação e depressão, em comparação com aqueles que completaram a
versão de controle sem treinamento da tarefa.
Najmi e Amir (2010) relataram efeitos
benéficos do CBM-A em uma amostra bastante diferente de participantes exibindo
sintomas subclínicos de patologia emocional. Eles recrutaram alunos de
graduação que relataram altos níveis de medo de contaminação e fizeram com que
completassem uma variante da tarefa da sonda CBM-A configurada para encorajar a
evitação atencional de estímulos relacionados à contaminação ou em uma condição
de controle sem contingência de treinamento. Os resultados confirmaram que a
primeira condição, por si só, serviu para reduzir a atenção às informações
relacionadas à contaminação. Durante a conclusão de uma tarefa de estresse
baseada em exposição subsequente, foi observado que os participantes que
receberam esta condição CBM-A foram capazes de se aproximar de objetos temidos
mais de perto do que foi o caso para os participantes na condição de controle.
A proximidade com a qual os participantes conseguiram abordar os temidos
contaminantes foi estatisticamente mediada pelo grau em que esse CBM-A induziu
a evitação atenta de informações relacionadas à contaminação.
Eldar et al. (2008), em um acompanhamento do
estudo anterior examinando a reatividade emocional em crianças não
selecionadas, usaram um design semelhante para avaliar se induzindo evitação
atenta de informações negativas também poderia reduzir as reações emocionais a
eventos estressantes em crianças com elevada vulnerabilidade à ansiedade. Eles
selecionaram crianças que apresentaram pontuações elevadas no Screen for
Child Anxiety relacionado a Transtornos Emocionais (SCARED; Birmaher et
al., 1999) e foram capazes de replicar as descobertas de Eldar et al. com esta
amostra. Evitar CBM-A negativo serviu para induzir a evitação atencional de
informações negativas nas crianças ansiosas e também atenuou a intensidade de
suas reações de ansiedade a uma tarefa estressante subsequente.
A maioria dos trabalhos de CBM-A realizados
em participantes emocionalmente vulneráveis examinou a
capacidade dos procedimentos de modificação do viés de atenção para reduzir níveis elevados de ansiedade.
No entanto, Wells e Beevers (2010) investigaram se o CBM-A poderia reduzir os
níveis de depressão em alunos de graduação que relataram depressão leve a
moderada. Esses indivíduos foram expostos ao procedimento da sonda CBM-A na
condição de controle de evitação negativo ou sem treinamento em quatro sessões
distribuídas por duas semanas. O procedimento de evitar CBM-A negativo produziu
um declínio no viés de atenção para informações negativas e uma redução
significativa nos escores de depressão no Inventário de Depressão de Beck (Beck
e Steer, 1993), o que não foi evidente para os participantes que receberam a
condição de controle. Suporte adicional para a premissa de que o viés
atencional contribui para a depressão elevada vem da observação de que essa
redução nos sintomas depressivos foi mediada pelo grau em que o CBM-A induziu a
evitação atencional de informações negativas.
Tomados em conjunto, esses estudos CBM,
realizados em participantes selecionados com base em sua elevada
vulnerabilidade emocional, fornecem boas evidências de que o viés interpretativo
e de atenção contribuem não apenas para a variabilidade normal na disposição
emocional, mas também para níveis problemáticos de vulnerabilidade emocional.
Os resultados também sugerem a possibilidade de que as técnicas de CBM podem
ter utilidade terapêutica potencial no tratamento de patologia emocional. Nas
seções a seguir, revisamos evidências mais diretas de que a modificação do
processamento seletivo de informações pode, de fato, reduzir os sintomas
experimentados por pacientes com distúrbios emocionais diagnosticados.
Impacto do CBM‑I nos sintomas de patologia emocional
Poucos estudos examinaram ainda a influência
do CBM-I prolongado na psicopatologia clínica. No entanto, em uma extensão de
seu estudo em indivíduos com tendência a se preocupar (Hirsch et al., 2009),
Hayes, Hirsch, Krebs e Mathews (2010) examinaram o efeito de uma única sessão
de CBM-I em indivíduos diagnosticados com SAD. Esses participantes,
clinicamente ansiosos, foram expostos ao mesmo procedimento CBM-I empregado por
Hirsch et al. (2009), e isso foi seguido por uma avaliação de intrusões de
pensamentos negativos ao realizar uma tarefa de foco respiratório antes e
depois de um período de cinco minutos de preocupação instruída. Foi revelado
que a condição CBM-I impactou significativamente na frequência de intrusões de
pensamentos negativos durante a tarefa de foco respiratório, principalmente
após a preocupação instruída. Os pacientes com SAD que receberam o CBM-I
benigno interpretado experimentaram menos intrusões de pensamentos negativos
durante a tarefa de respiração do que aqueles que receberam a condição de
controle sem treinamento.
Em uma pequena série de estudos de caso único
de projeto A-B, Blackwell e Holmes (2010) investigaram o impacto de
interpretação do CBM-I benigno nos sintomas de depressão clínica. Sete
indivíduos que preencheram os critérios diagnósticos para um episódio
depressivo maior tiveram seu viés interpretativo e seu estado de humor
avaliados diariamente durante 15 dias. Ao longo de cada um dos sete dias
finais, eles receberam 64 ensaios de CBM-I na condição benigna interpretada. A
comparação dessas fases da linha de base e de intervenção levou quatro dos sete
participantes a serem classificados como respondedores, e três desses
indivíduos apresentaram melhora clinicamente significativa na sintomatologia da
depressão durante a fase de intervenção do estudo. Como os autores reconhecem,
existem limitações às conclusões que podem ser tiradas desta investigação
piloto. No entanto, concordamos que esses achados justificam testes mais
rigorosos, em um ensaio controlado, da contribuição potencial que o CBM-I pode
fazer para a redução dos sintomas na depressão clínica.
O número limitado de estudos de pesquisa
CBM-I utilizando amostras clínicas destaca a necessidade de novas pesquisas
desta natureza. Embora esses achados iniciais certamente sejam encorajadores,
eles precisarão de mais corroboração antes que seja possível concluir com
segurança que o viés interpretativo negativo contribui causalmente para a
patologia emocional e que o CBM-I pode dar uma contribuição terapêutica
significativa para o tratamento dessa patologia.
Impacto do CBM‑A nos sintomas de patologia emocional
Há evidências mais convincentes de que o viés
de atenção contribui causalmente para a patologia emocional e que o CBM-A pode
exercer uma influência terapêutica sobre essa disfunção clínica. Amir, Beard,
Burns e Bomyea (2009) realizaram oito sessões de 160 testes da sonda CBM-A ao
longo de um período de quatro semanas para pacientes com diagnóstico de SAD.
Enquanto os pacientes que receberam uma condição de controle sem treinamento
não evidenciaram melhora nos sintomas clínicos, aqueles que receberam evitar
CBM-A negativo mostraram uma redução substancial na preocupação,
ansiedade-estado, ansiedade-traço, ansiedade social e depressão. Na verdade, as
entrevistas de diagnóstico revelaram que apenas 50% daqueles que receberam
evitar CBM-A negativo continuaram a cumprir os critérios diagnósticos para SAD
no final da intervenção de quatro semanas, em comparação com 87% daqueles que
receberam a condição de controle. Esses achados fornecem evidências diretas de
que o viés de atenção negativa contribui causalmente para a sintomatologia do
SAD e indicam que evitar o CBM-A negativo pode ser útil no tratamento desse
transtorno.
A eficácia do CBM-A na redução da patologia
da ansiedade não se limita a pacientes com SAD. Vários estudos demonstraram a
capacidade de evitar CBM-A negativo para aliviar os sintomas do transtorno de
ansiedade social (SAD). Usando uma versão pictórica do procedimento da sonda
CBM-A, Schmidt, Richey, Buckner e Timpano (2009) distribuíram várias sessões de
CBM-A para pacientes com diagnóstico de SAD. Ao longo de quatro semanas, esses
pacientes completaram oito sessões de 160 ensaios em uma condição CBM-A
negativo para evitar uma condição de controle sem contingência de treinamento.
Aqueles que receberam o CBM-A negativo para evitar demonstraram reduções
significativamente maiores na ansiedade social autorrelatada e na
ansiedade-traço do que aqueles que receberam a condição de controle.
Além disso, as entrevistas clínicas
realizadas na conclusão revelaram que 72% dos pacientes que receberam essa
condição CBM-A ativa não preencheram mais os critérios de diagnóstico para SAD,
em comparação com apenas 11% daqueles que receberam a condição de controle. A
avaliação de acompanhamento indicou que esses ganhos de tratamento foram
mantidos quatro meses depois.
Schmidt et al. (2009) não avaliaram a mudança
no viés de atenção. No entanto, medidas de seletividade de atenção foram
incluídas em um estudo semelhante realizado por Amir, Beard, Taylor et al.
(2009), que também entregou oito sessões de evitar CBM-A negativo ou uma
condição de controle sem treinamento ao longo de quatro semanas para pacientes
com diagnóstico de SAD. O viés de atenção avaliado após o tratamento revelou
que os pacientes que receberam o CBM-A negativo para evitar atenderam menos a
estímulos negativos do que aqueles que receberam a condição de controle.
Cinquenta por cento do primeiro grupo não preenchia mais os critérios
diagnósticos para SAD pós-intervenção, em comparação com apenas 14% do grupo de
controle. Novamente, um acompanhamento de quatro meses confirmou a manutenção
desses ganhos.
Pesquisas mais recentes sugerem que os procedimentos CBM-A também podem ser capazes de atenuar a sintomatologia emocional em jovens que sofrem de problemas de saúde mental relacionados à ansiedade. Rozenman, Weersing e Amir (2011) realizaram três sessões de CBM-A negativo para evitação por semana, durante quatro semanas, para crianças de 10 a 17 anos com diagnóstico de ansiedade clínica (transtorno de ansiedade de separação, fobia social ou SAD). Apenas 25% das crianças continuaram a cumprir os critérios diagnósticos na conclusão da intervenção CBM-A de quatro semanas. Esses participantes também relataram uma redução consistente nos sintomas de depressão, destacando o potencial de que os sintomas depressivos podem responder à modificação do viés de atenção. Como nenhum estudo examinou, até o momento, o impacto do CBM-A nos sintomas de pacientes que sofrem de depressão clínica, esse continua sendo um caminho interessante para pesquisas futuras.
Questões
atuais e direções futuras na pesquisa CBM
O trabalho revisado nas seções anteriores
demonstra que a abordagem CBM é uma promessa considerável, tanto como uma metodologia
investigativa capaz de iluminar a contribuição funcional do processamento
seletivo de informações para sintomas emocionais de interesse, quanto como uma
técnica terapêutica que pode contribuir para o alívio da vulnerabilidade
emocional e patologia. A plena realização desta promessa dependerá de os
investigadores agora trabalharem com sucesso (1) para ampliar o foco da
pesquisa CBM; (2) aumentar a compreensão dos mecanismos que governam a
modificação do viés; e (3) explorar melhor a capacidade do CBM de produzir
benefícios terapêuticos em ambientes clínicos do mundo real. Nesta seção,
consideramos como o trabalho está progredindo com relação a cada um desses três
objetivos importantes.
Ampliando o foco da pesquisa CBM
A maioria dos estudos CBM buscou modificar
apenas a atenção seletiva ou interpretação seletiva em participantes com
vulnerabilidade ou disfunção emocional elevada. No entanto, os tipos de
seletividade de processamento associados à psicopatologia vão além da atenção e
da interpretação. Portanto, seria apropriado agora ampliar o foco dos estudos
de CBM, desenvolvendo tarefas capazes de modificar outras facetas da
seletividade. Conforme revisaremos nas seções a seguir, tais passos já estão
sendo dados, com resultados encorajadores.
Modificação de outros vieses de
processamento. A gama
de técnicas CBM disponíveis está começando a se expandir conforme os
investigadores buscam maneiras de modificar as formas mais diversas de
seletividade de processamento. Embora muito desse trabalho ainda esteja em sua
infância, consideramos brevemente algumas dessas abordagens CBM mais novas para
ilustrar sua diversidade e comunicar o sabor provável do que está por vir.
Memória de segmentação CBM. Dada a importância que os teóricos têm dado
ao viés de memória na etiologia da psicopatologia, valor poderia ser obtido a
partir de procedimentos CBM capazes de modificar diretamente a recuperação
seletiva da memória. Joormann e seus colegas trabalharam para desenvolver um
método de treinar participantes deprimidos para esquecer informações negativas.
Sua abordagem é baseada no trabalho de Anderson e Green (2001), mostrando que
quando os participantes repetidamente encontram pistas previamente associadas a
um item de memória-alvo, enquanto seguem a instrução para não pensar neste
alvo, a representação da informação alvo permanece suprimida abaixo da linha de
base. Joormann, Hertel, Brozovich e Gotlib (2005) empregaram essa abordagem
para induzir o esquecimento seletivo de informações negativas em participantes
clinicamente deprimidos. Eles também mostraram que o esquecimento treinado de
memórias negativas é tornado mais eficaz se os indivíduos clinicamente
deprimidos se concentrarem em distrair informações durante a exposição aos
sinais (Joormann, Hertel, LeMoult, e Gotlib, 2009). Exigirá mais pesquisas para
determinar se a aplicação deste procedimento de modificação de memória será
eficaz em atenuar a lembrança preferencial de memórias negativas em indivíduos
clinicamente deprimidos e na redução de seus sintomas emocionais disfóricos.
Imagens de segmentação CBM. A observação de que as imagens mentais
negativas são uma característica comum da disfunção psicológica (confronte com
Hackmann e Holmes, 2004) levou Holmes e Mathews (2005) a afirmar que tais
imagens dão uma contribuição particularmente forte para a vulnerabilidade
emocional. Se as imagens negativas exercem um impacto especialmente potente
sobre a emoção, então o CBM-I projetado para modificar o grau em que tais
imagens seletivas são evocadas por cenários ambíguos deve ser particularmente
eficaz na alteração da emoção. Holmes, Mathews, Dalgleish e Mackintosh (2006)
encontraram suporte para essa previsão, usando um procedimento auditivo CBM-I
de sessão única. Este procedimento foi projetado para aumentar as resoluções
benignas de cenários ambíguos, mas, em uma condição, os participantes foram
instruídos a formar imagens mentais desses cenários durante o procedimento
CBM-I, enquanto na outra eles foram instruídos a processar os cenários de forma
verbal. O viés interpretativo benigno foi mais fortemente induzido pela
condição de imagem, e essa versão de imagem do procedimento CBM-I se mostrou
mais eficaz em atenuar emoções negativas. Esse achado foi replicado por Holmes,
Lang e Shah (2009), que também demonstraram que a versão imagética do
procedimento CBM-I foi mais eficaz do que a versão verbal para atenuar as
respostas disfóricas a um procedimento de indução de humor subsequente.
Consequentemente, parece provável que os benefícios terapêuticos dos
procedimentos de CBM possam ser aumentados quando eles são projetados para
alterar as imagens emocionais.
Avaliação de segmentação CBM. Uma premissa central que sustenta os
relatos cognitivos da psicopatologia é que os sintomas psicológicos
disfuncionais podem refletir a tendência de avaliar os eventos de uma maneira
não adaptativa (confronte com Power e Dalgleish, 2008). Portanto, os pesquisadores
agora estão começando a investigar se o uso de procedimentos CBM para modificar
o estilo de avaliação pode atenuar esses sintomas. Em algumas variantes de
tarefa, os participantes foram diretamente instruídos a praticar a avaliação de
cenários de uma maneira particular. Por exemplo, para abordar a hipótese de que
o pensamento abstrato e super geral contribui para a ruminação e disforia,
Watkins, Baeyens e Read (2009) apresentaram aos participantes, que haviam
pontuado alto em uma medida de depressão, cenários auditivos curtos e os
instruíram a processá-los de maneira concreta e específica. Ao longo de sete
sessões diárias, esses participantes relataram maiores reduções nos sintomas
depressivos do que as mostradas pelos participantes em uma condição de controle
sem prática. Em um estudo de acompanhamento mais recente, Watkins et al. (2012)
empregaram um desenho controlado randomizado para investigar se a eficácia de
uma intervenção de autoajuda guiada para pessoas com um diagnóstico atual de
depressão maior poderia ser aumentada pela inclusão deste treinamento de
concretude. Eles descobriram que esta forma de CBM melhorou significativamente
os sintomas pós-tratamento e em acompanhamentos de três e seis meses. Adotando
uma abordagem educacional semelhante, Schartau, Dalgeish e Dunn (2009)
expuseram voluntários não selecionados a clipes de filmes potencialmente
angustiantes e os direcionaram a praticar o emprego de um estilo de avaliação
positiva. Esse procedimento levou à redução do sofrimento evocado pelos clipes,
revelado pelas medidas de autorrelato e condutância cutânea.
Em outros casos, os pesquisadores adaptaram
as metodologias CBM-I usadas anteriormente, mas refinaram seu foco para
direcionar tipos específicos de avaliação negativa. Essa foi a abordagem
adotada por Lang, Molds e Holmes (2009) em um estudo desenvolvido para testar a
hipótese de que a avaliação inadequada de memórias intrusivas negativas aumenta
a frequência de tais intrusões. Em cada tentativa deste procedimento CBM, os
participantes foram expostos a um texto descrevendo a avaliação de uma memória
intrusiva negativa, em que uma palavra era um fragmento incompleto e a natureza
da avaliação comunicada dependia da identidade dessa palavra. Os participantes
foram instruídos a preencher rapidamente o fragmento da palavra. Na condição de
avaliação negativa CBM, as únicas palavras capazes de completar os fragmentos
comunicavam uma avaliação negativa de intrusões de memória, enquanto na
condição de avaliação benigna essas palavras comunicavam uma avaliação não
negativa de tais intrusões. Após a exposição a este procedimento CBM em
qualquer condição, os participantes viram um filme angustiante projetado para
provocar intrusões de memória negativa. Este filme evocou menos intrusões de
memória negativa ao longo dos próximos sete dias nos participantes previamente
expostos ao procedimento CBM de avaliação benigna, em comparação com aqueles
que receberam o procedimento de avaliação CBM negativa. Em vista das evidências
recentes de que a atenuação de memórias intrusivas pode aliviar os sintomas de
depressão clínica (Kandris e Molds, 2008), esta abordagem CBM pode ter valor
prático em ambientes clínicos.
Estilo de atribuição de segmentação CBM. A teoria da desesperança da depressão
propõe que um fator causal fundamental subjacente à vulnerabilidade depressiva
é a tendência de atribuir eventos negativos a causas internas estáveis,
enquanto a resiliência à depressão resulta da tendência de atribuí-los a causas
transitórias externas (Abramson, Metalsky, e Alloy, 1989). Peters, Constans e
Mathews (2011) desenvolveram recentemente uma variante de tarefa CBM projetada
especificamente para modificar esse estilo de atribuição. Cada tentativa neste
procedimento CBM primeiro descreveu um evento positivo ou negativo, com a
conclusão subsequente servindo para resolver a causa inicialmente incerta desse
evento. Em uma condição, projetada para induzir o estilo atribucional
depressogênico, as resoluções implicaram consistentemente fatores internos
estáveis como as causas de eventos negativos e fatores
transitórios externos como as causas de eventos positivos. Na outra condição,
projetada para induzir um estilo de atribuição resiliente, essas contingências
foram invertidas. Após uma única sessão de CBM compreendendo 120 tentativas
desta tarefa, uma medida de questionário confirmou que os grupos expostos a
essas diferentes condições de CBM diferiam no estilo atribucional, conforme
pretendido. Além disso, a exposição subsequente a uma experiência de falha
serviu para elevar a disforia em uma extensão significativamente menor nos
participantes que receberam o procedimento CBM que induziu estilo de atribuição
resiliente, em comparação com aqueles que receberam o procedimento que induziu
estilo de atribuição depressivo. Esses achados fornecem suporte empírico para o
papel causal do estilo de atribuição na moderação da vulnerabilidade emocional
e sugerem que a CBM projetada para alterar diretamente esse estilo de
atribuição pode render benefícios terapêuticos.
Iluminando os mecanismos que sustentam o CBM
Se quisermos otimizar a capacidade das
futuras intervenções de CBM de modificar o viés cognitivo, devemos desenvolver
uma boa compreensão dos mecanismos pelos quais os procedimentos de CBM mudam
esses padrões de seletividade de processamento. Claro, devemos estar confiantes
de que as mudanças tanto no viés de processamento quanto na sintomatologia são
genuínas e não representam apenas um efeito de demanda, refletindo a
conformidade dos participantes com o que eles percebem ser a expectativa do
experimentador. MacLeod e Mathews (2012) oferecem as seguintes seis razões para
duvidar da plausibilidade das explicações de demanda-efeito para a mudança
induzida por CBM: (1) os padrões de desempenho de tarefa alterado que servem
para confirmar a ocorrência da mudança cognitiva pretendida comumente não são
prontamente evidentes aos participantes; (2) simular esse padrão de desempenho
da tarefa muitas vezes seria excepcionalmente difícil; (3) medidas neuro
cognitivas forneceram evidências simultâneas de mudança cognitiva induzida por
CBM (ex., Browning, Holmes, Murphy, Goodwin, e Harmer, 2010; Eldar e Bar-Haim,
2010); (4) a mudança dos sintomas induzida por CBM comumente é mais altamente
específica do que seria de se esperar se resultasse da demanda; (5) tal mudança
de sintoma também foi observada em medidas psicofisiológicas que não são
passíveis de controle voluntário; e (6) a avaliação direta das expectativas dos
participantes mostrou que elas não podem levar em conta os efeitos observados
de CBM. Portanto, parece que o CBM produz uma mudança genuína na seletividade
de processamento.
Mas por meio de qual mecanismo essa mudança é
produzida? Pode-se argumentar que a mudança induzida por CBM no viés de
processamento pode ser mediada pelo humor, visto que os procedimentos CBM
comumente expõem os participantes a informações emocionais que poderiam servir
para influenciar diretamente seu estado de humor. No entanto, o peso da
evidência é contra esse relato. A indução de estado de humor diferencial não
elicia as mudanças cognitivas produzidas por CBM (Standage, Ashwin, e Fox,
2010), e essas mudanças cognitivas são produzidas por CBM mesmo quando o
procedimento de modificação de preconceito em si não tem efeito sobre o humor
(Hoppitt, Mathews, Yiend, e Mackintosh, 2010; Wilson et al., 2006). Quando o
CBM exerce um impacto sobre o humor, este efeito não explica estatisticamente
seu impacto sobre o viés cognitivo (Amir et al., 2008; Hirsch, Mathews, e
Clark, 2007), e as mudanças cognitivas induzidas por CBM permanecem evidentes
por períodos de tempo que excedem em muito a duração de tais efeitos
transitórios de humor (Hazen et al., 2009; Mackintosh, Mathews, Yiend, Ridgeway
e Cook, 2006). Nem as evidências apoiam a ideia de que CBM pode trazer mudanças
observadas no desempenho de tarefas cognitivas por meio de priming
afetivo geral, pelo qual o aumento da exposição a informações de uma valência
emocional particular durante o treinamento geralmente facilita o processamento
de informações subsequentes que compartilham esse mesmo tom emocional. Os
efeitos de treinamento observados são frequentemente mais específicos do que
seria previsto por tal conta de priming semântico, e esses efeitos
perduram em períodos de tempo que excedem em muito o escopo temporal do priming
semântico (MacLeod e Mathews, 2012).
O relato mais plausível da mudança cognitiva
induzida pelo CBM, articulado com alguns detalhes por Hertel e Mathews (2011),
é que essa mudança resulta da transferência de treinamento (Blaxton, 1989). De
acordo com este relato, depois que os participantes foram solicitados a
"praticar" continuamente um padrão específico de seletividade
enquanto se engajavam no processo cognitivo particular invocado pelo
procedimento de treinamento CBM, esse padrão de seletividade então se transfere
para outras tarefas que exigem que os participantes empreguem novamente o mesmo
processo cognitivo. Se for assim, então, as tarefas de CBM mais eficazes devem
ser aquelas que geram os efeitos de transferência de treinamento mais pronunciados.
Assim, garantir que a mudança induzida por CBM no processamento de informações
generalize além das restrições do procedimento de treinamento CBM é de suma
importância. Um método amplamente adotado para verificar se os efeitos do
treinamento CBM generalizam além dos conjuntos de estímulos específicos usados no treinamento envolve a inclusão nas tarefas de avaliação de novos materiais de estímulo, não expostos anteriormente durante os
procedimentos de treinamento. Para maximizar a transferência de treinamento para novos materiais de
estímulo, pode ser prudente variar os estímulos usados em diferentes sessões de CBM, de modo que os participantes adquiram uma resposta cognitiva
alterada a uma ampla classe de estímulos, em oposição a um único subconjunto de estímulos (Ver et al., 2009).
Além da transferência do treinamento CBM
entre os estímulos, também é desejável que tal treinamento seja transferido
entre diferentes tarefas destinadas a avaliar o viés no processo cognitivo
visado pelo procedimento CBM. Portanto, é apropriado medir esse processo
cognitivo, pós CBM, usando tarefas de avaliação que diferem substancialmente
daquelas empregadas para entregar a modificação de viés. Novamente, a
probabilidade de que o treinamento seja transferido para uma ampla variedade de
tarefas projetadas para avaliar o processo cognitivo-alvo pode ser maximizada
pelo uso de uma ampla gama de diferentes procedimentos de CBM para induzir a
mudança cognitiva desejada. Assim, por exemplo, ao invés de restringir CBM-I a
uma única tarefa de treinamento interpretativo entregue repetidamente, era
proposta uma bateria de tarefas de treinamento interpretativas, que
compartilham a inclusão de uma contingência projetada para encorajar o mesmo
padrão de seletividade interpretativa, mas que diferiam em termos de outros
parâmetros e procedimentos de tarefa, podendo produzir melhor generalização dos
efeitos do treinamento em uma variedade mais ampla de tarefas de avaliação de
viés subsequentes.
Outra questão relacionada à transferência de
treinamento diz respeito à transferência da mudança induzida por CBM em um
processo cognitivo direcionado para outros tipos de operações de informação.
Tem havido um interesse experimental crescente em avaliar o grau em que os
efeitos do treinamento cognitivo produzidos por procedimentos alternativos de
CBM se transferem através de diferentes processos cognitivos. Descobertas
recentes sugerem que procedimentos CBM eficazes podem operar para alterar a
seletividade de processamento em um nível fundamental dentro do sistema
cognitivo, que abrange o processamento atencional, interpretativo e memorial.
Assim, por exemplo, foi demonstrado que a tarefa de treinamento da sonda CBM-A
afeta não apenas a atenção seletiva, mas também exerce um impacto na
interpretação seletiva (White, Suway, Pine, Bar-Haim, e Fox, 2011), e que a
tarefa de treinamento CBM-I de Mackintosh (2000) influencia o viés de atenção
(Amir, Bomyea, e Beard, 2010) e o viés de memória (Tran, Hertel, e Joormann,
2011), além do viés interpretativo. Conforme observado por MacLeod e Mathews
(2012), a investigação sistemática de tais efeitos de transferência de
treinamento do CBM deve ajudar os futuros pesquisadores a categorizar e
fracionar os mecanismos cognitivos que sustentam o espectro dos transtornos
psicológicos. Além disso, deve permitir que eles identifiquem as variantes de
CBM que exercem a influência mais difundida no processamento seletivo de
informações e, assim, prometem produzir os benefícios terapêuticos mais
difundidos.
Explorando os benefícios do CBM em
configurações do mundo real
Nossa capacidade de extrair o máximo de
benefícios clínicos do mundo real da pesquisa baseada em CBM será aprimorada
por dois desenvolvimentos. Em primeiro lugar, será necessário refinar as
tecnologias CBM de maneiras que reforcem a magnitude e a estabilidade das
mudanças que induzem em seus vieses cognitivos- alvo. Em segundo lugar, essas
intervenções CBM devem ser embaladas de uma maneira que não apenas seja
terapeuticamente benéfica para os pacientes, mas que os pacientes considerem
aceitável no ambiente clínico. Concluímos considerando brevemente como tais
metas podem ser perseguidas e revisando o progresso recente em direção a esses
objetivos.
Para que o CBM seja uma ferramenta
terapêutica com eficácia máxima, é necessário otimizar o impacto emocional da
mudança induzida pelo CBM no processamento da informação. De certa forma, pode
ser considerado paradoxal que procedimentos de CBM projetados para induzir a
evitação de informações negativas tenham se mostrado emocionalmente benéficos,
dada a evidência de que esforços intencionais para evitar informações e
situações que provocam ansiedade podem estar implicados no desenvolvimento e
manutenção da patologia, particularmente problemas relacionados à ansiedade
(confronte com Barlow, 2002). A resolução para este aparente paradoxo pode
estar na diferença entre o tipo de evitação encorajado pela CBM e o tipo de
evitação que, em vez disso, caracteriza (e possivelmente contribui para) a
disfunção emocional. No último caso, os indivíduos comumente adotam o objetivo
explícito de evitar intencionalmente o processamento de informações ameaçadoras
em um esforço ativo para suprimir pensamentos ansiogênicos. Como está bem
documentado a partir do extenso trabalho de Wegner et al., as tentativas de
supressão frequentemente evocam o efeito “irônico” de aumentar os próprios
padrões de pensamento que pretendem atenuar (Wegner, Schneider, Carter, e
White, 1987). Portanto, esforços deliberados para evitar o processamento de
informações negativas podem contribuir para a disfunção emocional simplesmente
porque essa intenção de evitação não se traduz efetivamente na evitação
cognitiva bem-sucedida de tais informações, mas, ironicamente, elicia o padrão
de vigilância cognitiva para informações negativas tipicamente evidenciadas por
pessoas que sofrem de tais condições. Em contraste, CBM é projetado para
induzir a evitação cognitiva de informações negativas de uma maneira que não
envolva esforço ou intenção de forma alguma. Em vez disso, esse padrão de
seletividade cognitiva é encorajado pela exposição a uma contingência de tarefa
que geralmente não é comunicada explicitamente aos participantes, mas, em vez
disso, tem a intenção de evocar implicitamente a mudança desejada no
processamento seletivo de informações. As tarefas de avaliação confirmam que o
CBM é eficaz em induzir com sucesso a evitação cognitiva de informações
negativas, o que contrasta com a descoberta amplamente relatada de que
tentativas de evitar o processamento negativo por meio de supressão intencional
e com esforço geralmente falham (Wenzlaff e Wegner, 2000). É plausível,
portanto, que a evitação cognitiva de informações negativas bem-sucedida, como
é induzida por CBM, produza benefícios emocionais, ao passo que as consequências
emocionais contraproducentes de tentativas mais difíceis de evitar informações
negativas refletem o fato de que tais esforços podem, paradoxalmente, induzir
vigilância para tais em formação.
Embora necessariamente especulativa neste
estágio, a discussão acima se refere a uma questão metodológica potencialmente
importante sobre se a eficácia do CBM seria ou não prejudicada ou aprimorada,
tornando os participantes explicitamente cientes da contingência de treinamento
e encorajando a prática de esforço no padrão de seletividade do processamento
desejado. Muito poucos pesquisadores ainda procuraram examinar sistematicamente
se a adoção de instruções de aprendizagem mais explícitas em procedimentos de
CBM serviria para prejudicar ou aumentar seu impacto emocional, e as primeiras
descobertas são confusas. MacLeod, Mackintosh e Vujic (2009) relataram que a
introdução de instruções de aprendizagem explícitas em seu procedimento CBM-A
aumentou a magnitude do efeito do treinamento de atenção na própria tarefa de
treinamento, mas eliminou a transferência deste treinamento para uma medida
diferente de seletividade de atenção. Também eliminou o impacto do procedimento
CBM-A na reatividade emocional a um estressor subsequente. Em contraste, no
entanto, Krebs, Hirsch e Mathews (2010) descobriram que sua manipulação CBM-A
teve um impacto mais poderoso na sintomatologia da preocupação quando os
participantes receberam instruções explícitas de aprendizagem. Assim, pesquisas
adicionais são claramente necessárias para estabelecer se é preferível projetar
procedimentos de CBM de forma a maximizar as contribuições da aprendizagem
implícita ou explícita para o processo de mudança cognitiva subjacente.
Não incomum, foi observado que o grau em que
uma intervenção CBM atenua os sintomas disfuncionais de interesse é uma função
direta do grau em que ela altera o viés cognitivo alvo. Consequentemente, o uso
de abordagens de CBM que induzem mudanças cognitivas de maior magnitude pode
ser razoavelmente esperado para resultar em benefícios terapêuticos mais
pronunciados do que aqueles que exercem um impacto menor no viés cognitivo.
Poucos estudos compararam sistematicamente variantes alternativas de abordagens
CBM para determinar quais produzem a maior mudança cognitiva, mas o campo está
agora no estágio em que a metanálise pode servir para informar os
investigadores sobre tais questões de forma útil (Hakamata et al., 2010; Hal-
leão e Ruscio, 2012). Algumas das descobertas de metanálises recentes talvez
não sejam surpreendentes, como a observação de que o uso de mais sessões de
treinamento CBM resulta em maior mudança cognitiva. No entanto, outros fatores
que afetam a magnitude dos efeitos da modificação do viés cognitivo são menos
evidentes. Por exemplo, a partir de sua metanálise, Hakamata et al. (2010)
foram capazes de mostrar que as tarefas de sonda CBM-A que separaram os
estímulos valenciados verticalmente, em vez de horizontalmente, e aquelas que
empregaram estímulos verbais, em vez de pictoriais, produzem a mudança mais
pronunciada no viés de atenção. As razões para isso não são claras, mas as
possíveis explicações, como a possibilidade de que estímulos verbais possam
permitir que os participantes gerem imagens mentais mais personalizadas do que
os estímulos pictóricos, podem ser corrigidas para futuras investigações
experimentais. Antecipamos que o refinamento das metodologias de CBM para
maximizar a mudança cognitiva será um processo cíclico no qual as metanálises
desempenham um papel importante. Metanálises podem identificar quais parâmetros
de tarefa CBM foram associados com a magnitude da mudança cognitiva induzida em
estudos anteriores, levando a pesquisas projetadas para iluminar os mecanismos
que sustentam a eficácia aprimorada de variações específicas de CBM, resultando
em uma gama de variações mais poderosas de variantes de CBM, cuja eficácia
relativa pode ser comparada em metanálises subsequentes.
O acúmulo contínuo de resultados positivos de
ensaios de controle randomizados em pequena escala fornece bons motivos para o otimismo
de que o CBM provará ser valioso no contexto clínico (Beard, Weisberg, e Amir,
2011; Brosan, Hoppitt, Shelfer, Sillence, e Mackintosh, 2011). De fato, em sua
metanálise, Hakamata et al. (2010) relatam que, quando administrado a
participantes clinicamente ansiosos, o CBM-A produz tamanhos de efeito de
tratamento semelhantes aos associados à CBT ou inibidores seletivos da
recaptação da serotonina (SSRIs). Além disso, estudos de aceitabilidade do
cliente confirmaram que pacientes com disfunção emocional expressam satisfação
subjetiva com CBM-A e CBM-I multissessão administrados como parte de seu
tratamento regular (Beard, Weisberg, Perry, Schofield, e Amir, 2010). Há um
consenso entre a maioria dos pesquisadores de que agora é o momento propício
para ensaios em grande escala, projetados para cumprir totalmente as diretrizes
dos Padrões Consolidados de Relatórios de Ensaios (CONSORT), a fim de
demonstrar a capacidade do CBM de produzir benefícios terapêuticos
significativos para pacientes clínicos em configurações do mundo real (Beard,
2011; MacLeod, 2012).
Comentários
de fechamento
Como observamos no início deste capítulo, este é um campo de pesquisa jovem. A gama de técnicas de CBM, atualmente disponíveis, é limitada e quase certamente ainda não representam o meio mais eficaz possível de induzir uma mudança duradoura nos padrões de seletividade de processamento que intencionam. Com o passar do tempo, podemos esperar que as abordagens de CBM se ampliem em termos de metodologia, diversifiquem em termos dos vieses que visam e se fortaleçam em termos de sua capacidade de modificar esses vieses de maneira duradoura. No entanto, com base no trabalho seminal revisado neste capítulo, já podemos concluir que o advento da CBM nos trouxe a uma excitante nova conjuntura em nossos esforços para compreender a base cognitiva da psicopatologia e explorar esse entendimento para fins de ganhos terapêuticos. Os pesquisadores que buscam determinar se formas particulares de atenção seletiva ou interpretação seletiva contribuem para os sintomas de interesse, agora podem fazê-lo recorrendo a técnicas recém-estabelecidas, com capacidade comprovada de modificar diretamente tais aspectos do processamento de informações. Quando essa influência causal é demonstrada, os investigadores clínicos agora podem incorporar esses mesmos procedimentos de modificação de preconceito em abordagens de intervenção, projetadas para atenuar esses sintomas. Os estudos CBM, revisados neste capítulo, fornecem evidências convincentes de que o viés de atenção a informações negativas e o viés interpretativo que favorece resoluções negativas de ambiguidade contribuem causalmente para a vulnerabilidade emocional e para a patologia. Além disso, as intervenções CBM projetadas para aliviar os sintomas clínicos por meio do treinamento direto dos padrões alvo de seletividade atencional e interpretativa agora passaram no estágio de prova de conceito. Essas descobertas justificam amplamente os ensaios clínicos em larga escala, que podemos esperar ver aparecer no futuro próximo, e esperamos, com entusiasmo, expectativa e não pouca medida de otimismo, para este próximo estágio da jornada CBM.
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edunor@gmail.com, 24/05/2021
[1] O Índice de Sensibilidade à Ansiedade –
ASI, é uma medida de autorrelato de 16 itens do medo das sensações corporais
associadas à excitação. Cada item consiste em uma possível consequência
negativa dos sintomas de ansiedade. [NT].
[2] A Social Phobia Scale (SPS) é uma escala avaliada pelo observador projetada para avaliar os sintomas característicos da fobia social, usando três subescalas - medo, evitação e excitação fisiológica - que podem ser combinadas em uma pontuação total. Cada um dos 18 itens BSPS é ancorado em uma escala de classificação de 5 pontos. [NT].
[3] A Social Anxiety Scale
for Children-Revised SASC-R foi um
dos primeiros instrumentos elaborados para avaliar a fobia social em crianças.
Avalia o medo da avaliação negativa (8 itens), evitação social e angústia em
novas situações (6 itens) e evitação social generalizada e angústia (4 itens).
[NT]
[4] A Social Interaction Anxiety Scale (SIAS) é uma
escala de autorrelato de 20 itens desenvolvida para medir a ansiedade de
interação social definida como “sofrimento ao se encontrar e conversar com
outras pessoas. [NT].